quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Coluna do Léo

Os navios invadem as empresas!

Léo Salgado

Em 1985 escrevi um artigo que foi publicado na coluna da ABRH do O Globo com este título, comentado os cortes de pessoal que grande parte das empresas estravam promovendo em seus quadros, em razão da crise financeira existente no Brasil.
Passados 30 anos, mais uma vez voltamos a conviver com demissões em massa como a única alternativa que o empresariado brasileiro encontra para enfrentar dificuldades econômico-financeiras, acreditando ser este o melhor caminho de “cortar custos” e "reduzir despesas".
Mais uma vez não é levado em consideração o custo da demissão, a perda de horas de treinamento e principalmente do incentivo ao êxodo dos melhores talentos.
Ora, é obvio que em um ambiente de incertezas e dificuldades, após um corte em massa, que geralmente atinge aos menos capacitados e os elos mais fracos na cadeia de pessoal, a procura por outras colocações em outras empresas, provoca a perda daqueles mais qualificados, com melhores predicados e mais talento que geralmente passam a reforçar os quadros dos concorrentes.
Certa vez, o principal executivo de uma empresa americana onde trabalhei me ensinou que “custos são como unhas, temos que cortar todos os dias, pois enquanto dormimos eles continuam a crescer”.
Cortar custos e reduzir lucros nunca é tratado com o empenho que se exige do corte de pessoal.
Trabalhar a eficiência, melhorar a produtividade, aumentar as vendas através de campanhas de endomarketing de incentivo e de recompensas, envolver e comprometer os colaboradores na busca de medidas que ajudem a superar as crises e muitas outras ações proativas também ficam a reboque das ações midiáticas de corte de pessoal e demissões em massa.

Este artigo não tem o objetivo de ensinar nenhum caminho novo e mágico para as empresas e sim, novamente, dar um alerta e mostrar que as soluções utilizadas por décadas continuam a ser, apenas para demonstrar a opinião publica o tamanho da crise e para forçar os governos a reduzir cargas tributárias e beneficiar estes empresários com dadivas outras, na falsa ideia da preservação dos empregos.

Um comentário:

Julio Cesar S. Santos disse...

Olá LÉO......................Como sempre, acompanho de perto seus artigos através da mídia e, sempre que posso, compareço aos excelentes encontros promovidos por RH Debates lá na Barra da Tijuca (RJ).
Sobre o artigo acima não poderia me furtar em emitir opiniões sobre tão importante assunto.
Nessa mesma época em que você escreveu o artigo, eu exercia a função de Gerente Comercial em alguns fabricantes multinacionais dos ramos alimentícios, de limpeza e higiene pessoal.
Em muitas dessas organizações, uma das principais atribuições de um gestor era compatibilizar os custos do seu próprio departamento ao faturamento obtido pela sua área.
É claro que a tentação de qualquer Gerente, era optar pela solução mais simplista. Ou seja, demitir alguns funcionários a fim de diminuir custos.
Porém, assim como você, numa dessas empresas conheci um executivo que me disse mais ou menos a mesma coisa que o americano da P&G.
Diante disso, adotei outras soluções mais difíceis de serem implementadas como a racionalização das rotas dos vendedores, supervisores e até dos veículos de entrega. Além disso, também houve reduções de custos – em parceria com os demais gestores – na área de produção, administrativa e financeira.
Portanto, caro amigo, acredito que cabe ao gestor não aceitar “soluções prontas” e sim utilizar sua visão holística, a fim de superar esses momentos que são naturais nas empresas de qualquer tamanho.

Grande abraço

JULIO CESAR S. SANTOS
(profigestaoblog.wordpress.com)