segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

A arte de montar uma equipe em Recursos Humanos

Coluna do Léo


Léo Salgado


Sempre que me deparei com a necessidade de montar uma equipe em Recursos Humanos utilizei alguns conceitos que se mostraram vencedores e que vou procurar detalhar um pouco neste artigo.
Na verdade, acredito que apenas uma vez em minha carreira (de mais de 25 anos de gestão de RH) comecei uma equipe do zero, justamente na minha primeira experiência gerencial em RH, lá na ABC Dados e Sistemas, em Jacarepaguá.
Naquela ocasião existia apenas um DP de uma pessoa só, que fazia (de maneira ruim) o que deveria fazer (pagar a folha) e tentava fazer o que não tinha idéia do que era... RH!
A primeira necessidade era resolver a questão do DP (registro, movimentação e folha) e para isto fui buscar um profissional conhecido (de perfil muito difícil, mas excelente naquilo que eu mais precisava (erro zero na folha), para ganhar a confiança dos mais de 250 funcionários da empresa (lógico que a pessoa que lá encontrei foi demitida).
Logo depois caiu em minhas mãos, literalmente, uma candidata a “Secretaria”, que em seu modo expansivo, alegre e carinhoso, seria quase que uma mistura de auxiliar, atendente, secretária e relações públicas, atendendo a todos com rapidez, educação e carinho, sempre com um sorriso no rosto, mudando totalmente a imagem do setor intragável da empresa.
Com apenas 250 empregados, levando em conta a regra de 01 para 100, estava o RH completo e funcional, até porque o gerente colocava a mão na massa, uma vez que por ser um gestor pára-quedista (muita experiência em advocacia e zero em RH) precisava aprender a fazer em RH.
Naquele momento eu vi como a diversidade é importante, juntando um perfil exigente e de poucos amigos, um perfil de fácil relacionamento e organizado e um gerente de perfil generalista e sem vaidades (motivador), formamos um time que após 6 meses de trabalho, me levaram a assumir o RH (acumulando) da ABC Teleinformática, com mais de 1.500 funcionários, da ABC Sistemas Eletrônicos (com fabrica em São José dos Campos e mais de 400 colaboradores), sem contar com pequenas unidades de negocio como a ABC Trading.
Buscar sempre a regra do 1 para 100 e da diversidade de comportamentos se tornou uma máxima em minha carreira, da mesma forma que ao assumir posições novas, com um RH montado e atuante, sempre foi primordial valorizar os da casa, conhecer a todos muito bem, seus perfis e comportamentos, ajustar suas posições e no máximo trazer um ou dois ex colaboradores para reforçar a equipe.
Outra experiência interessante ocorreu em uma empresa terceirizada de serviços de telefonia no Rio de Janeiro. Na ocasião em que assumi, a empresa contava com mais de 6.000 funcionários, um RH de mais de 90 pessoas e uma quantidade impressionante de problemas técnicos e de relacionamento.
O primeiro passo foi trazer um ex-colaborador, de total confiança, que iria cuidar dos índices de RH, de forma que meu termômetro funcionasse 100%.
O segundo passo foi conseguir um local e juntar todas as atividades em um só espaço, inclusive a gerencia.
Analisar rapidamente a equipe e definir logo aqueles que iriam permanecer e aplicar a regra 1 para 100, também foi uma prioridade.
A redução do quadro me deu verba para ajustes salariais necessários e definir claramente quem eram os atores e seus papeis também foi uma prioridade.
Este grupo trabalhou pesadamente durante 3 a 4 meses, com uma mudança radical de atendimento (telefônico e balcão), de recepção de candidatos, de informações para as gerencias e de registro das atividades realizadas.
A mudança de atitude foi notada rapidamente pelos funcionários e diretoria e rapidamente as coisas começaram a fluir naturalmente.
O RH passou a ser um só, não existiam mais as desculpas de antes:


- A culpa é de Recrutamento e Seleção;
- O Serviço Médico é que não atendeu no prazo;
- O setor de Segurança do Trabalho não deu o EPI;
- A folha é que errou...


Não, todos se conscientizaram que formavam uma equipe, o RH!
Incentivamos as comemorações de aniversário, os encontros após o expediente, o chopinho de final de dia, etc...
O resultado é que após um ano de trabalho, na avaliação da empresa telefônica contratante, nós (que historicamente éramos o pior dos RH´s das terceirizadas em nível Brasil), alcançamos o primeiro lugar, causando espanto aos auditores.
Assim, ao se deparar com o problema de montar uma equipe, trabalhe a diversidade de comportamentos (e até de formação), conheça profundamente o perfil de cada um e monte este quebra cabeças com uma dose extra de motivação, metas e resultados, sem esquecer a regra de 1 para 100, até porque o excesso de gente atrapalha mais do que a falta!