quinta-feira, 4 de março de 2010

Coluna do Léo



A Nova Empregabilidade
(O que a Nova Empresa espera de você - Parte 4)

Léo Salgado

Agora você já conheceu um pouco mais deste Novo Mundo que estamos começando a viver, da Nova Empresa que está se adaptando constantemente nesta nova realidade (ou seriam nestas novas e mutáveis realidades?) e começou a conhecer um pouco daquilo que as empresas esperam de seus profissionais, você já se acha pronto para encarar o desafio e procurar uma forma de achar, manter ou garantir sua empregabilidade neste futuro imediato?
Se sua resposta foi positiva, ledo engano, pois ainda tem muito mais coisas para entender, habilidades a desenvolver e características a serem absorvidas por você.
Na verdade, as empresas sabem exatamente o perfil de quem estão procurando. Resta a você procurar aproximar o seu perfil ao máximo desta nova receita e valorizar o seu passe mantendo o foco no negócio e ampliando seu portfólio de competências
Com certeza, sem temer me tornar repetitivo, é importante saber e mais do que isso, acreditar que o que vai determinar seu crescimento profissional de agora em diante é o conjunto de seu desempenho, suas atitudes, seu jeito de se relacionar com os outros, seu comportamento geral.
Abandone de vez a idéia de que o conhecimento técnico específico é o bastante para atingir o sucesso, ou simplesmente para manter o que chamo de Nova Empregabilidade. Conhecer bem sua área é uma necessidade básica de qualquer um profissional, seja de que nível for, neste momento de guerra de talentos e de instabilidade em que se vive, o importante agora é ser altamente competente e multifuncional.
Para a Nova Empresa tudo se inicia a partir da competência, uma vez que ela é, e cada vez mais será, o diferencial entre as empresas. As mais competentes sempre serão as mais competitivas, disto ninguém tem duvidas.
Para a Nova Empresa, competência é o resultado da soma de conhecimentos, habilidades e comportamentos. Este modelo começou a ser difundido nos USA na década de 1990 e podemos destacar dentre seus maiores defensores Hammel e Prahalad.
Descobrir tudo o que você sabe fazer bem e como isso pode interessar ao mercado é uma questão de sobrevivência profissional.
Qual seria então um perfil básico deste Novo Profissional?
Acredito que o profissional tem que ser um excelente realizador, ter comprometimento com suas funções, energia e persistência para encarar todos os desafios que se apresentam em seu dia a dia, atuar com autonomia em relação ao seu superior, ser equilibrado emocionalmente, estabelecer relações sociais amplas, ter capacidade de trabalhar em equipe e ser um cidadão comprometido com o social.
Este seria um perfil dos mais promissores e atende em grande parte às expectativas das empresas porque se destaca nas habilidades interpessoais. A Nova Empresa entende que é fundamental contratar profissionais que tenham valores compatíveis com os do negócio, do que recrutar o especialista mais brilhante do mercado com problemas de relacionamento.
No Novo Mundo onde a competitividade será muito mais sofisticada, em que as oportunidades de negócios proliferam, os recursos humanos valem ouro. Isso porque é deles que nasce a adaptabilidade, a conectividade, a virtualidade, a criatividade, a inovação, o dinamismo e a ambição.
O modelo de competências potencializa suas experiências pessoais e profissionais e te obriga a encarar e reconhecer seus pontos fracos.
O modelo das competências traz para as empresas um novo caminho de desenvolvimento profissional que amplia de forma significante o horizonte profissional de todos, este caminho chama-se “carreira horizontal”, na qual, para uma mesma função, criam-se níveis diferenciados de atuação e de remuneração, cada qual estruturado num determinado conjunto de competências, isso permite a formação de times fortes e unidos, ao mesmo tempo que valoriza as contribuições individuais, pois pode premiar quem apresenta melhor desempenho.
Pelo que você viu até agora a Nova Empresa vai exigir de seus Recursos Humanos cada vez mais, assim é importante que você faça a sua parte, caso seja necessário retorne aos bancos escolares, leia cada vez mais e mais, troque idéias com os colegas, cobre avaliações dos chefes, ouse fazer diferente.
Passe a cultivar e exibir no seu Curriculum Vitae competências duráveis, como adaptabilidade, intuição, confiança, criatividade e determinação, características que sempre encontrarão espaço num mundo em que a competição caminha de mãos dadas com a cidadania.
E aí surge uma outra característica que nunca foi valorizada e cultuada pelas empresas como pela Nova Empresa deste Novo Mundo. Cidadania. Mas, afinal, o que é necessário para ter o que as empresas chama de cidadania ? O que as empresas esperam quando definem querer um profissional cidadão?
Na verdade durante toda a sua vida profissional você foi treinado, adestrado e crivado de mensagens que davam ênfase a necessidade de trabalhar o seu crescimento individual. Com certeza lhe disseram inúmeras vezes que você tinha que se manter sempre atualizado, comandar a sua carreira, de­monstrar cada vez mais iniciativa pessoal. Pelo que você pode ver o foco sempre foi o individual, apenas o lado individual. Só que sempre se falou no individual e nunca no coletivo. É claro que estes conceitos são importantes, mas não podem ser vistos como os únicos, e o mercado começa a valorizar também a sua capacidade de se envolver com o coletivo, de com­partilhar tempo, dinheiro e conhecimento com quem está à sua volta, equilibrando o dar e receber.
Acreditar que o significado da vida, dos indivíduos e das empresas, está nos outros, é a mudança de foco que está sendo exigida pela Nova Empresa, uma vez que ela esta se dando conta de que su­cesso e dinheiro proporciona satisfação temporária, que bônus, participação nos lucros e benefícios são impor­tantes para manter os funcionários comprometidos. Mas, na verdade, a verdadeira motivação está na realização de suas necessidade emotivas e afetivas, e isso se consegue com o exercício efetivo da cidadania, de contribuir para alguma coisa muito mais importante e do que o salário que recebe ao final de cada mês.
As pressões de um mundo cada vez mais globalizado, levam as empresas a procurar reestruturar-se em busca da organização altamente produtiva. Ora, uma organização altamente produtiva necessita de funcionários muito qualificados, comprometidos com a organização, criativos em suas funções, ansiosos por assumir responsabilidades, efetivos no trabalho em grupo e saudáveis de corpo, mente e espírito.
É aí que entra a necessidade de exercer plenamente a cidadania, pois está provado que os que programas de voluntariado, são ótimos para desenvolver esses Recursos Humanos cheios de habilidades. Isso porque os traços de funcionários produtivos coin­cidem com as características bási­cas da atividade voluntária.
Não há mais duvida que fazer o bem aju­da a aumentar o moral e a cons­truir habilidades para o trabalho em equipe, da mesma forma que se dar ao próximo é uma exce­lente oportunidade de treina­mento, tendo em vista que quando as pessoas participam de uma boa causa, tem a chance de exercitar o senso de liderança e de responsabilidade. Da mesma forma que ao expandir as suas perspectivas de vida, consegue enten­der muito melhor os conceitos de missão, visão e valo­res (o tão propagado MVV), sem contar que é mais uma excelente oportunidade de aumentar sua rede de relacionamentos, de aguçar a criatividade e a iniciativa pessoal.
Agora, você precisa realmente valorizar o próximo, não adianta ser um cidadão de fachada, que poderá tornar-se um sério problema para você no futuro, tão logo a sua empresa perceba seu “falso engajamento”.
Não importa para as empresas como você vai fazer a sua parte, seja contando histó­rias para crianças em orfanatos, ajudando ONG´s ou simplesmente ouvir o seu colega de trabalho, sempre vai existir dentro de você uma fantástica sensação de felicidade, de missão cumprida, que vai se refletir no seu trabalho, na sua condição de Ser Humano.
Não existe a menor duvida de que sempre que você se entrega em uma atividade filantrópica, ganha alegria, realização, crescimento pessoal, respeito, credibilidade e vida.
É aquela história antiga que nos ensinou que colhemos aquilo que semeamos!
Agir nesta área não depende de nenhuma graduação, pós ou mestrado, uma vez que qualquer profissional possui um patrimônio de conhecimentos, e cada vez que ele doar-se, irá crescer mais um pouco e adquirir mais conhecimentos e assim sucessivamente.
Apesar de todos entenderem que dividir o banco pessoal de experiências e habilidades é um caminho para buscar o equilíbrio entre o que se recebe e o que se dá, por que você ainda reluta em ser generoso?
Acredito que a resposta está onde hoje se encontra a solução, nas empresas, no mundo das empresas que nos ensinaram a jogar, no mundo competitivo que só premiava a individualidade, as relações chefes e subordinados, dominadas pelo medo, pelo sistema ganhar/perder que era regra empresarial (para alguém ganhar outro tem que perder). A Nova Empresa ao exaltar a necessidade do trabalho de equipes, valorizando o coletivo, reduzindo a importância dos chefes com as carreiras horizontais, e com o entendimento de que a relação tem que ser ganhar/ganhar, começa a mudar a história.
Nesta nova relação ganha quem recebeu ajuda e descobriu experiên­cias diferentes, ganha em igual proporção, quem dividiu os conhecimentos acumulados ao longo da carreira.

A grande vitória está na realização pessoal, este ganho não
pode ser medido pois ele vai influir em todo o seu ser, no seu intimo e no
resultado final do seu trabalho.

Se você quer começar a exercitar esta parcela cidadã do seu ser, deve começar em sua própria casa, pois uma das áreas mais afetadas pelo desequilíbrio en­tre receber e dar, é a família. Muitos profissionais pas­sam anos seguidos, às vezes a vida toda, dando o míni­mo — em termos de tempo, de atenção verdadeira, de dedicação, de solidariedade para sua própria família.
Não se trata de discutir se proporciona uma vida equilibrada, estável financeiramente, socialmente correta, participando de aniversários, festas de fim de ano, etc., significa estar disponível para os seus, pronto para ouvi-los, pensar junto, consolar, partilhar preo­cupações, se entusiasmar, se interessar.
Suplantado o primeiro desafio, procure fazer o que chamo de balanço social, ou seja liste o que você já doou de si para os outros em toda a sua vida. Não vale contabilizar as doações que você fez pensando na redução do Imposto de Renda, nem o trocado do sinal, a bala comprada para ajudar a criança ou o ceguinho da esquina. Não, o que você doou que fazia parte do seu banco de conhecimentos e experiências, o trabalho voluntário que não lhe rendeu descontos de impostos nem diplomas de Honra ao Mérito. E sim o que realmente lhe fez sentir mais vivo, participante, Ser Humano!
Alguns estudos realizados nos USA nos dão noticia de que o exercício da doação de si mesmo pode ajudar a adicionar ao seu patrimônio pessoal uma série de habilidades e a levar a uma gama de mudanças de atitudes.
Quanto as habilidades mais importantes poderíamos citar as de: comunicação; administração do tempo e das pessoas; negociação; planejamento de objetivos em curto e longo prazo; definição de orçamentos e alocação de recursos; e, gerencíamento do estresse
No que se refere a mudanças de atitudes temos o aumento da compreensão e respeito pela diversidade; de responder a dificuldades; na capacidade de assumir riscos calculados; do senso de comunidade e de obrigação social; e, resistência positiva a sentimentos como alienação e isolamento.

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